O governador Sérgio Cabral anunciou aumento de 5,58 % nos salários de bombeiros, policiais militares, policiais civis e agentes penitenciários. Para isso será antecipado de dezembro para julho os reajustes que já eram previstos. Cabral ainda anunciou a criação da Secretaria de Estado de Defesa Civil e nomeou o comandante do Corpo de Bombeiros, Sérgio Simões, como titular da pasta.
A alteração, porém, não atende às exigências dos bombeiros, que reivindicam, além de melhores condições de trabalho, um piso salarial de R$ 2.000. Hoje, o salário deles é de R$ 1.092,37 e passará para 1.152,93.
Entretanto, com base nas solicitações da Frente Unificada das Entidades de Classe de Segurança Pública, os valores mudam. A exigência é por um salário de R$ 2.900. O capitão Lauro Botto, do quartel de Resende, no Sul Fluminense, disse que nenhuma entidade de classe está apta a negociar pelos bombeiros.
O bombeiro Fabiano Silva, do 2º GMar, na Barra da Tijuca, zona oeste, ignorou a notícia e diz que a preocupação no momento é apenas sobre a situação dos 439 companheiros de farda presos no último sábado (4), após invasão do Quartel Central da corporação, no centro da capital. Silva é um dos manifestantes que permanece acampado em frente à Alerj (Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro).
- Não existe negociação para aumento. A única negociação que temos no momento é pela libertação dos presos. Se o governador quiser dar 5%, 10% ou 20% é porque ele quer dar. Não estamos negociando isso agora.
O governo informou que, somado ao reajuste que já tinha sido posto em prática nos últimos seis meses, o aumento alcança a marca de 11,5 % em 2011. A alteração vai gerar ao caixa do Estado um impacto de R$ 323 milhões.
A medida atende aos 16.202 bombeiros da ativa, 5.018 aposentados e 1.592 pensionistas; a 39.775 ativos da Polícia Militar, 20.445 aposentados e 13.175 pensionistas; a 9.254 ativos da Polícia Civil, 5.232 aposentados e 9.688 pensionistas; e a 4.329 agentes penitenciários da ativa, 1.328 aposentados e 1.238 pensionistas.
O total de servidores reajustados é de 127.276, sendo 69.560 ativos, 32.023 aposentados e 25.693 pensionistas.
Entenda o caso
Por volta das 20h da última sexta-feira (3), cerca de 2.000 bombeiros - muitos acompanhados de mulheres e crianças - ocuparam o Quartel Central da corporação, no centro do Rio de Janeiro. O protesto, que havia começado no início da tarde em frente à Alerj (Assembleia Legislativa), durou toda a madrugada.
A principal reivindicação da categoria é aumento salarial de R$ 950 para R$ 2.000 e vale-transporte. A causa já motivou dezenas de paralisações e manifestações desde o início de abril. Seis líderes dos movimentos chegaram a ser presos administrativamente em maio, mas foram liberados.
Diante do clima de tensão no Quartel Central, repetidos apelos feitos pelo comandante-geral da Polícia Militar, coronel Mário Sérgio Duarte, para que os manifestantes retornassem às suas casas foram ignorados e bombeiros chegaram a impedir que colegas trabalhassem diante dos chamados de emergência. A PM, então, com auxílio do Bope (Batalhão de Operações Policiais Especiais), invadiu o complexo às 6h de sábado (4). Houve disparos de arma de fogo, acionamento de bombas de efeito moral e confrontos rapidamente controlados. Algumas mulheres e crianças ficaram levemente feridas e foram atendidas em postos no local.
Os bombeiros foram levados presos para o Batalhão de Choque, que fica nas proximidades. De lá, 439 foram transferidos de ônibus para a Corregedoria da PM, em São Gonçalo, região metropolitana do Estado, onde passaram a madrugada de domingo (5). Durante a manhã, eles foram novamente transferidos, desta vez para o quartel de Charitas, em Niterói, também na região metropolitana.
Visivelmente irritado com o "total descontrole", o governador Sérgio Cabral anunciou no sábado, após reuniãode cerca de cinco horas com a cúpula do governo, a exoneração do então comandante-geral do Corpo de Bombeiros, coronel Pedro Machado. O cargo passou a ser ocupado pelo coronel Sérgio Simões, que era subsecretário de Defesa Civil da capital fluminense.
Cabral disse que não negocia com "vândalos" e "irresponsáveis", alegou que os protestos têm motivação política e se defendeu dizendo que o governo tem planos de recuperação salarial para todos os militares desde 2007. Segundo ele, com todas as bonificações e reajustes previstos, até o fim do ano, os bombeiros terão um salário muito próximo ao que é reivindicado.
Os bombeiros presos foram autuados em quatro artigos do Código Penal Militar: motim, dano em viatura, dano às instalações e por impedir e dificultar a saída para socorro e salvamento. A pena para estes crimes varia de dois a dez anos de prisão.
Apesar das baixas, o comando-geral do Corpo de Bombeiros informou que a rotina de atendimento à populaçãoestá mantida e que os substitutos dos bombeiros presos assumiram seus postos.
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