Foi o primeiro "teste de fogo" para os deputados eleitos por Macaé e região. No entanto, ambos foram reprovados. Adrian Mussi, do PMDB, votou pelo mínimo de R$ 545, como mandou Dilma. Mas, eleito pela oposição, o deputado Aluízio Júnior (PV) teve a oportunidade de ficar ao lado do povo, votando por um mínimo maior. No entanto, se "absteve" desta responsabilidade, optando pelo Governo, lado a lado com José Sarney, Leonardo Picciane, Adrian e Riverton Mussi.
O "primeiro grande teste de fogo", como foi chamado a votação do salário mínimo na Câmara dos Deputados, serviu como prova para os parlamentares junto ao Governo Federal. Ao apresentar a proposta de um salário de R$ 545 e ainda buscar uma justificativa em meio a tantas fraudes e erros de gestão, o Governo passou por cima de qualquer movimento dentro da Câmara e praticamente determinou que a sua proposta fosse aprovada, mesmo contra a vontade da população e de sindicalistas que assistiam a sessão.
E, em meio a aprovação dos R$ 545, como o Governo determinou, veio aquilo que muitos eleitores já esperavam: os deputados federais estão mais preocupados com os seus acordos de bastidores e suas regalias, do que com os quase 50 milhões de brasileiros, que tem o salário mínimo como sua única fonte de renda.
Mas se os resultados foram bons para o Governo Federal, que além de aprovar o salário de R$ 545, conseguiu derrubar as propostas de R$ 560 (proposta pelo PV) e R$ 600 (proposto pelo PSDB), eles trouxeram uma decepção para grande parte dos eleitores de Macaé, já que os dos deputados federais eleitos pela cidade, Dr. Aluízio (PV) e Adrian Mussi (PMDB), votaram contra a proposta de um salário maior. A decepção maior, até em nível federal, veio do candidato do Partido Verde, já que o seu partido não faz parte da bancada do Governo, mas sim da oposição, até mesmo formando um bloco com o PPS (também de oposição), mas nada disto adiantou.
Orientados por suas bancadas, na votação do primeiro valor, os deputados macaenses ignoraram as manifestações e as esperanças de seus eleitores, ao declararem o voto "Sim" a proposta do Governo, fixando o salário em R$ 545.
Na segunda votação, na emenda que mudava o projeto para R$ 560 (apenas R$ 15 a mais por mês), houve nova polêmica no plenário e alguns partidos liberaram os seus deputados para votar de acordo com a sua base eleitoral. O deputado Paulinho da Força (PDT-SP), por exemplo, que representa a classe sindical e os trabalhadores, foi liberado pelo seu partido e votou a favor dos R$ 560. O PMDB, também da base aliada, não liberou a bancada e, com ela, Adrian Mussi votou contra a proposta, mesmo sabendo a quantidade de macaenses que precisariam destes R$ 15 a mais.
Daí veio mais uma decepção para os macaenses: o Partido Verde (PV) diante os argumentos do deputado Alfredo Sirkis (RJ) decidiu liberar a sua bancada, deixando a decisão a cargo dos próprios parlamentares. Eis que em meio a não "obrigatoriedade" de votar com o Governo, mas sim em uma condição mais justa em prol da população, o também macaense Dr. Aluízio (que se diz pré-candidato a prefeito de Macaé) preferiu se esconder e se absteve do voto, não votando nem a favor do povo e nem contra seus interesses junto ao Governo Federal.
Uma terceira proposta ainda foi avaliada pelos deputados: foi a apresentada pelo PSDB, defendida na campanha do então candidato José Serra, de um salário mínimo de R$ 600. Novamente os deputados federais macaenses votaram contra os seus próprios eleitores.
Nas ruas de Macaé, a decisão dos deputados frustrou alguns eleitores, que esperavam um valor um pouco maior. "Como pode dizer que não tem dinheiro para dar um aumento maior para o povo, com eles vivendo do bom e do melhor. Isto é desculpa", disse a doméstica Roselaine Moreira.
Para o aposentado Carlos Inácio Oliveira, a questão é mais revoltante do que se imagina. "Para eles, mesmo com o povo contra, eles aprovaram um aumento salarial enorme, estão ganhando quase trinta mil. Agora para nós, que vivemos desta miséria do Governo, nada", esbravejou.
Em dezembro do ano passado, os 513 deputados federais (ainda da antiga legislatura) aprovaram um reajuste de 61,8% nos próprios salários, elevando os vencimentos para R$ 26,7 mil mensais. Já o Governo Federal, que foi contra um salário mínimo maior do que R$ 545, também é contra ao corte de gastos e extinção de cargos políticos e é a favor da criação de um novo imposto semelhante ao CPMF, extinto há alguns anos.
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Expresso Regional
Foto: Reprodução ER
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