Após prisão de 439 homens, G-Mar e ao menos nove quartéis param de atender

 Após a prisão dos 439 militares amotinados no Quartel-Central sábado de manhã, bombeiros iniciaram, ontem, operação padrão. Os Grupamentos Marítimos (G-Mar) de Copacabana e Botafogo reduziram efetivo e ao menos 9 quartéis no interior e Baixada pararam. Nesses locais, bombeiros informaram por telefone que o atendimento a chamados está restrito a casos com risco de vida. À noite, um grupo de 50 bombeiros fez protesto na Ponte Rio-Niterói. Eles desceram de um ônibus e com faixas e cartazes caminharam por dez minutos na altura do vão central, sentido Rio.

Bombeiros dos quartéis de Caxias, S. J. de Meriti, Volta Redonda, Angra dos Reis, Frade, Itaguaí, Mangaratiba, Mambucaba e Saquarema cruzaram os braços. Líderes do movimento grevista dizem que as atividades só serão normalizadas quando os presos forem libertados. Enquanto isso, centenas de militares e familiares prometem ficar acampados em frente à Alerj. Ontem, ocuparam a escadaria com faixas e, munidos até de fogão, distribuíram sopão.

No Posto 5, em Copa, faixa preta no lugar do socorro: salva-vidas à paisana, só para casos extremos | Foto: Paulo Alvadia / Agência O Dia
Falando à reportagem de O DIA no final da noite, o novo comandante dos Bombeiros, coronel Sérgio Simões, negou a operação padrão. “Isso não é verdade. Pela manhã estive com comandantes de todas as unidades. Se houver solicitação de socorro, vamos para rua”, disse. Sobre as negociações salariais, Simões afirmou que o governo continua aberto ao diálogo, “mas não com manisfestações como a de sexta-feira”. 
O comandante disse que a situação dos líderes do movimento está nas mãos da Justiça Militar. “Eles foram autuados por crimes tipificados pelo Código Militar. A corporação não tem mais domínio. São os ritos da Justiça Militar”.

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Também em nota, o governador Sérgio Cabral voltou a criticar o movimento. “Bombeiros que honram a sua farda jamais levariam crianças como escudos humanos inocentes a um ato contra a ordem pública, iniciado com uma invasão do quartel- central”, disse. E completou: “A invasão, por si só, já é um confronto; com marretas, é planejar uma possível batalha. Com crianças, é um crime”.
No fim da noite de domingo, bombeiros ocuparam a Ponte Rio-Niterói | Foto: Carlos Moraes / Agência O Dia
O deputado federal Anthony Garotinho (PR) chamou de ‘sandice’ as acusações de Cabral, na véspera, de que ele estaria por trás da greve. Ontem, no quartel de Campinho, um sargento desabafou: “Nos chamar de vândalos? Brigamos para ir à Região Serrana. Passei dias no Bumba. Ontem, fomos socorrer oito vítimas em acidente. Nossa briga não é com a população, é com o governador”.Hoje, parlamentares se reúnem na Alerj para estudar uma solução para o impasse.

Movimento se espalha pela Internet e ruas

O movimento grevista — que reivindica reajuste do piso de R$ 950 para R$ 2 mil e vale-transporte — tem se espalhado pelas redes sociais e ganhado adesão nas ruas. Em vários bairros, faixas vermelhas foram colocadas em janelas. No Centro, o empresário Jorge Rodrigues, 37, disponibilizou 100 homens de sua empresa para carreata a favor do movimento. “Em acidente em Teresópolis, se não fossem os bombeiros, estaria morto. Assim que me tiraram, o carro explodiu”, contou. 

O presidente da OAB-RJ, Wadih Damous, pediu em nota que governador e grevistas “desarmem os espíritos”. Ele acusou a “intransigência” do estado mas condenou a ocupação do QG: “Só contribui para diminuir o apoio da população às justas pretensões salariais dos bombeiros”.

Comando atribui efetivo menor ao frio

O Corpo de Bombeiros justificou a redução do efetivo no G-Mar ao clima frio na cidade. A assessoria de imprensa da instituição informou que o quadro de militares está completo, que o número de homens trabalhando leva em consideração “questões climáticas” e que desconhece informação de que quartéis no interior estão fazendo operação padrão.

O de Itaipu, com grande número de militares entre os presos, teve escala reprogramada para não atrapalhar a prestação de socorro, informou. A substituição do efetivo detido poderá ser feita com militares em atividades administrativas.
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O Dia

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