Petróleo muda mapa eleitoral no Rio

No clube dos 20 municípios que mais cresceram em número de eleitores nos últimos oito anos no Rio - como o líder Rio das Ostras (191,87%) -, nove estão no grupo dos que mais receberam royalties do petróleo por habitante. Em levantamento feito pelo GLOBO com informações do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), constata-se também que a capital perde força gradativa no eleitorado estadual. A cidade do Rio já teve 42,3% dos aptos a votar no estado em 2002 - em 2006, 41,6%. Para as eleições de outubro, os cariocas são 40,3% dos eleitores fluminenses.

Baixada Litorânea é região que mais cresceu

Os números do tribunal também mostram para que lado o estado está crescendo. Entre as regiões, a Baixada Litorânea é a que mais avança. Desde 2002, a quantidade de moradores com título de eleitor na região aumentou em 45,71% . Lá estão Rio das Ostras, além de Cabo Frio (59,68%) e Búzios (33,65%). As três figuram no grupo das 20 cidades do Rio que mais receberam royalties e participações especiais este ano. A Região Norte é a segunda que mais cresceu (23,71%). Dentro dela está Macaé, quarta colocada no crescimento do eleitorado e quinta entre as que mais receberam royalties este ano, segundo números do Programa de Mestrado em Planejamento Regional e Gestão de Cidades, da Universidade Candido Mendes, de Campos.

- O aumento no número de eleitores no interior e nas cidades litorâneas certamente afetará a divisão do parlamento, a depender das forças políticas regionais. Mas não vejo efeito nas eleições para o governo do estado, já que se noticia que Cabral tem apoio de 91 dos 92 prefeitos do estado - analisa o cientista político Cesar Romero, da PUC do Rio.

Para o cientista político, não é coincidência nem surpresa a constatação de que o G-20 dos royalties no estado tenha nove cidades entre as 20 que mais ganharam poder nas urnas:

 

- É natural que onde haja recursos exista a atração de pessoas. Em todo o litoral do estado do Rio vemos inclusive um aumento crescente da população, não só do eleitorado.

O cientista político da UFF Eurico Figueiredo também acredita que o comportamento do eleitor que migra para as cidades do petróleo pode mudar o cenário político do Legislativo fluminense. Para Figueiredo, o eleitor recém-chegado na cidade ainda não teve contato com os candidatos locais que detêm tradição de poder e, por isso, são imprevisíveis.

- O voto de quem é novo na cidade é mais aleatório. Em compensação, estudos mostram que este tipo de eleitor tende a votar em quem está na frente nas pesquisas e quem se expõe mais na campanha - explica Figueiredo.

Baixada Fluminense vive estagnação eleitoral

Na comparação entre as regiões do estado, a Baixada Fluminense vive quase uma estagnação do seu eleitorado nos últimos oito anos. Mas continua com peso político, pois mantém o status de segundo maior colégio eleitoral do Rio, com 2,2 milhões de eleitores, ou 1,45% a mais que nas eleições de 2002. De acordo com o Tribunal Regional Eleitoral do Rio, 11,6 milhões de eleitores poderão votar em outubro.

Fonte: O Globo

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