Taxistas de Alcântara temem novos assaltos e assassinatos

Uma semana depois da morte do taxista Roosevelt Marchon Neves, 70 anos, assassinado de forma covarde durante uma tentativa de assalto, em Santa Isabel, São Gonçalo, a polícia ainda não tem pista dos criminosos.
Após o crime e a repercussão do caso entre os colegas de Roosevelt, que tinham o amigo como um exemplo, ficou apenas o medo de continuar trabalhando na profissão, mas os compromissos e o sustento da família não os deixam parar de trabalhar.
“Estou com muito medo de trabalhar, mas nós não temos o que fazer para nos prevenir, nem como mudar os nossos hábitos. O medo aumenta ainda mais quando começam a nos chamar de ‘tio’, mas isso não quer dizer nada, porque, muitas vezes, são pessoas ótimas que criaram apenas o hábito de chamar os mais velhos dessa forma”, disse o taxista João Basílio de Oliveira, mais conhecido como Kabaceira, de 65 anos.

Embora em 2011 tenham ocorrido outros quatro casos de morte de taxistas em todo o Estado do Rio de Janeiro, somente no primeiro semestre do ano a categoria, segundo eles, nada pode fazer para se precaver contra os assaltos. Os taxistas que trabalham no ponto onde Marchon trabalhava já se reuniram para discutir a questão, mas não encontraram nenhuma forma de prevenção. “Dá muito medo trabalhar, tanto de dia, quanto de noite. Nós não temos nenhum tipo de segurança”, disse o taxista Leonardo Mello Viera, 30 anos, há 9 trabalhando na profissão e há um mês no ponto, em Alcântara.

Kabaceira, que trabalha há 16 anos como taxista, já tem experiência em assaltos. Ele foi assaltado 11 vezes e, em todas elas, foi ameaçado de morte. Ele lembra que, em uma das vezes, um homem bem vestido entrou no táxi e, ao invés de dizer para onde ia, sacou uma pistola dois metros depois da partida. O taxista lembra, ainda, de casos envolvendo colegas. “Rapaz, existem casos de arrepiar e esse é um deles: um colega viu o filho nascer às 10h e, à meia-noite, foi morto num assalto”, contou. 

A vítima, segundo o taxista, foi trabalhar porque estava sem dinheiro. Ficou 15 minutos conversando com o criminoso, depois passou por uma blitz e, em seguida, acabou sendo assassinado.

O taxista lembra da morte de outros colegas: Nelson, professor de karatê, e Miguel, pai-de-santo, que foi morto por dois homens que vestiam terno e estavam com pasta 007 de executivos. “Agradeço muito a Deus por estar contando essas histórias, porque foram 11 assaltos e eu estou com muito medo”, disse.

Para o filho de Roosevelt, Adyr Neves, a polícia está trabalhando bem no caso. “Eles estão indo muito bem, só esperamos agora o trabalho final, que é a prisão do acusado”, salientou.
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O São Gonçalo

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