Cerca de 38 mil capivaris trocados por reais até agora, 53 solicitações de créditos (entre “produtivo” e de “consumo”) e a participação de 119 comerciantes, são alguns dos números do primeiro mês de lançamento da moeda social de Silva Jardim, o Capivari, e do Banco Comunitário Capivari (BCC), que se completou na última quinta-feira (16/12).
Segundo as funcionárias Tatiana da Costa Pereira, Monique Oliveira e Lorena Mello, até o momento foram liberados 12 microcréditos de “consumo” (até 200 Capivaris) e seis do “produtivo” (até R$ 800,00), e tem havido uma média de 10 solicitações de crédito por dia. Já o valor em retroca ou retorno (14.440,00 capivaris), isto é, a quantidade de capivaris que voltou até ontem (16) ao BCC, representa pouco mais de um terço do que saiu, o que significa que a maior parte dos capivaris absorvidos se mantém no mercado, gerando e garantindo uma boa circulação da moeda.Ontem (16/12), foram trocados 1.070 capivaris/reais. Só no primeiro dia de circulação (16/11) a troca foi de cerca de 6.100,00 reais por Capivaris. No segundo dia (17/11) ocorreu o câmbio de uma média de dois mil reais/capivaris e, do dia 18/11 até 15/12, atingiu aproximadamente 28.600 reais/capivaris. A maioria das solicitações de crédito, por sua vez, é na modalidade “consumo”. Os que pegam os valores nesta forma geralmente declaram que vão pagar contas atrasadas de água e energia elétrica ou mesmo comprar botijões de gás, por exemplo. Os empréstimos para consumo podem ser pagos em até duas vezes; enquanto o “produtivo” tem o prazo de até 12 vezes. O crédito "produtivo" é concedido a microempresários e empreendedores que querem melhorar e/ou iniciar os seus próprios negócios, como aconteceu com o mecânico de bicicletas Josué, primeiro a tirar empréstimo no BCC, no próprio dia do lançamento.
De acordo com relatório elaborado pela equipe, das 31 solicitações feitas do dia 16 de novembro (data do lançamento da moeda) até o último dia 01/12, sete créditos tinham sidos liberados em Capivari (consumo) e três em reais (produtivo). Além disso, dois endereços não foram encontrados, quatro solicitantes ainda não possuíam o cartão do Banco mais Brasil (exigido para a concessão do empréstimo), oito foram negados e dois desistiram.
O BCC tem atendido a uma média de cinco recebimentos de contas diversas por dia. A maioria é de pagamento de consumo de água e faturas de cartões de crédito. O valor máximo de pagamento das contas é de R$ 1.000,00, e estas só podem ser recebidas pelo BCC até a data de vencimento. As funcionárias revelam que ainda não houve inadimplência, e os que obtiveram crédito até agora já os estão quitando.
Do dia 1º a 16/12, foram registradas 22 solicitações, cujas pessoas ainda vão ser visitadas pelas analistas de créditos do BCC. Elas revelam que tem havido muita procura, mas nem todos solicitam os créditos no momento prometendo voltar depois. O BCC, localizado na Rua Borges Alfradique, 60, Centro, funciona das 9 às 16 horas e também já conta com o seu próprio telefone (2668-0505), através do qual os interessados em saber mais sobre a moeda e respectivo funcionamento podem obter informações.
O que é e como funciona a moeda Capivari
A moeda social de Silva Jardim, O “Capivari”, é a primeira criada no Estado do Rio de Janeiro. O capivari tem o mesmo valor do real, ou seja, um capivari vale um real. Os comerciantes que aderiram à nova moeda oferecem descontos ou vantagens a quem compra com ela.
Até mesmo pequenos comércios, como bares; e prestadores de serviços, a exemplo de taxistas, não filiados à Associação, estão recebendo a moeda social. Isto embora eles não sejam obrigados a conceder os respectivos descontos e vantagens. Alguns comerciantes, como proprietários de lojas de roupas e supermercados (filiados à Associação), estão fazendo promoções e oferecendo atraentes descontos para quem compra em Capivari, principalmente neste final de ano.
O silvajardinense pode ter acesso à moeda social de três maneiras: fazendo um empréstimo em capivaris, recebendo salários ou outros pagamentos em capivaris ou trocando reais por capivaris no Banco Comunitário Capivari (BCC), criado junto com a moeda. A Administração Municipal também pensa em conceder em capivaris os valores das cerca de mil cestas básicas distribuídas mensalmente às famílias carentes do município. Isto dará mais liberdade para que os beneficiados comprem o que quiserem e nos pontos de venda que preferirem dentro da cidade. E fará com que o dinheiro (em reais) pago nas licitações, geralmente vencidas por empresas de fora do Município, fique dentro do mercado silvajardinense, gerando mais riquezas para a cidade.
O Banco Comunitário é um banco como qualquer outro, onde é possível pagar contas em reais ou em capivaris, tomar empréstimos para consumo ou produção, tomar empréstimo em reais ou capivaris e pagar faturas de cartão de crédito, assim como contas de água, telefone e energia.
Outra grande vantagem do Banco Capivari são os juros. Estes são mais baixos que os dos bancos tradicionais. A previsão atualmente é de 1% a 3% ao mês. A Prefeitura, como financiadora do projeto, inicialmente colocou em circulação 50 mil capivaris. Há, notas de 0,50, 1,00, 2,00, 5,00 e 10,00 capivaris. A procura pelas cédulas foi tão acentuada que o BCC já mandou imprimir mais 50 mil Capivaris (a impressão é feita numa gráfica que presta serviços para o Banco Central) e as notas possuem número de série e uma espécie de “chip” que previne contra eventuais tentativas de falsificação.
A criação da moeda Capivari é amparada pela Lei de Economia Solidária proposta pela administração municipal e aprovada pela Câmara, no dia 27 de maio deste ano. O Banco do Brasil é parceiro desta iniciativa e a Associação Comercial e Industrial gerencia todo projeto.
A implantação da nova moeda é acompanhada pelo Fórum de Economia Solidária (Feso) de Silva Jardim, que é formado por representantes de 19 entidades da Sociedade Civil organizada do Município. A criação do Capivari é inspirada na moeda do Conjunto Residencial Palmeiras, de Fortaleza (CE), gerida pelo Instituto Palmas, cujos diretores prestam assessoria técnica e acompanhamento a Silva Jardim.
A moeda tem o nome de “Capivari” como forma de resgatar o antigo nome do Município, pelo qual era conhecido até 1841, quando recebeu o nome do republicano Antônio da Silva Jardim, ou simplesmente “Silva Jardim”, nascido na antiga Freguesia. “Capivari” também é o nome do principal rio que corta o Centro da cidade, o qual, na linguagem tupi-guarani, significa “rio que tem capivaras”.
Alguns dos objetivos da nova moeda social, segundo o prefeito Marcello Zelão (PT), são fazer com que os recursos financeiros circulem mais dentro do Município, promovendo um maior desenvolvimento, através do aumento de emprego/renda, e reativar a auto-estima dos munícipes, despertando neles o orgulho de possuir uma moeda própria. As duas coisas de certa forma já vêm acontecendo no Município.
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Ascom PMSJ
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