Macaé: Demissão de quase mil servidores atinge primeiro a limpeza pública

Os vereadores Julinho do Aeroporto e George Jardim denunciaram novas demissões
Diante da discussão registrada na Câmara, crescem as expectativas em relação à divulgação de novas listas de demitidos
O plenário da Câmara de Vereadores virou ontem palco de lamentações dos parlamentares diante da decisão do prefeito Riverton Mussi (PMDB) em realizar o processo de demissão em massa com a justificativa de reduzir gastos excessivos com a folha de pagamento. De acordo com alguns parlamentares, até os profissionais que atuam no setor da limpeza da cidade também serão demitidos, um corte que deverá colocar na rua cerca de 780 profissionais.
A expectativa para a votação dos projetos que determinam a extinção, ou unificação, de secretarias e órgãos municipais, previsto para ser apresentado à Câmara nesta semana, também levou os vereadores a questionarem a postura do prefeito em não conversar com o legislativo sobre as exonerações e rescisões de contratos, que já demitiram mais de 300 pessoas que trabalharam até o dia 21 de outubro, ainda sem previsão de receber os vencimentos referentes sobre esse período.
Apontando a sequência das demissões, o vereador Júlio César de Barros (PMDB) deixou claro sua preocupação acerca de profissionais que atuam no serviço de recolhimento de lixo da cidade, que deverá registrar corte de cerca de 780 pessoas até o final desse ano.
“Cerca de 50% desses trabalhadores já estão cumprindo aviso prévio e deverão ser demitidos nos próximos dias. O restante deverá sair até o final do ano. Isso cria uma preocupação muito grande. Estamos muito tristes”, disse o parlamentar.
A previsão das demissões foi confirmada também pelo vereador George Jardim (PMDB), que no início do mês passado foi exonerado da Secretaria Municipal de Serviços Públicos (Semusp). Ele apresentou preocupação em relação à manutenção da limpeza do município.
“A empresa deve demitir uma quantidade de pessoas que irão fazer falta no serviço de limpeza. Pelo menos, esses profissionais estão tendo os seus direitos respeitados. Já os que tiveram seus contratos rescindidos da prefeitura ainda não sabem se receberão os últimos 21 dias trabalhados”, apontou o vereador.
A previsão apontada pelos dois parlamentares foi encarada com surpresa e espanto por outros vereadores que participaram da sessão de ontem do Poder Legislativo. Alguns assistentes, no momento dos discursos, se entreolharam e chegaram a fazer comentários dizendo que a vingança em cima dos servidores contratados por causa da baixa votação do irmão do prefeito Adrian Mussi (PMDB) pode gerar ainda mais descontentamento e até manifestação pública.
Diante das declarações do vereador George Jardim, o vereador Antônio Franco (PT do B), que também foi exonerado no início do mês do cargo de secretário municipal de Ordem Pública, chegou a falar em “avalanche de grandes lágrimas”, se referindo à situação dos profissionais que serão demitidos.
“A onda de demissões passou, mas quando ela voltar, muita gente vai morrer afogada. Muita gente já foi nesse processo. Ninguém sabe o que está acontecendo, nem a imprensa. Por isso, peço à presidência da Câmara que fale com o prefeito para que realize uma reunião com a gente e explique sobre essa decisão”, propôs Antônio Franco, preocupado com as pessoas que dependem do pagamento dos salários para sobreviver.
Já o vice-presidente do Legislativo, o vereador Theodomiro Bittencourt Filho (PMDB), afirmou se sentir preocupado com a situação, declarando que, em seus noves mandatos, nunca viu procedimento administrativo semelhante em Macaé, mesmo quando um prefeito também do PMDB na época, enfrentou nas ruas várias manifestações públicas.
“Demitir 700 pessoas da limpeza, como vai ficar a nossa cidade? Uma cidade como Macaé não pode ficar nessa situação. Os vereadores trouxeram uma notícia preocupante. A Câmara deveria tomar uma providência sobre isso. Acho que o Antônio Franco está certo em cobrar uma audiência com o prefeito”, afirmou Mirinho, que vem sendo questionado nas ruas sobre o motivo mas não pode responder porque, o que se sabe, é para diminuir o valor da folha de pagamento.
Diante da discussão registrada na Câmara, crescem as expectativas em relação à divulgação de novas listas de demitidos, situação que deve se estender até a próxima semana, não só de contratados mas também dos ocupantes de cargos comissionados que, segundo informações, deve engordar a lista para cerca de 10 mil pessoas.
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Fonte: Rio das Ostras Jornal

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