Projeto que tramitou na Alerj em regime de urgência transforma Búzios numa verdadeira privada
A população de Búzios está revoltada com a possibilidade do balneário se transformar numa latrina gigante por conta do projeto de lei aprovado na semana passada na Assembleia Legislativa em regime de urgência, que libera R$ 11,5 milhões para a transposição dos efluentes das estações de tratamento de esgoto de Araruama, São Pedro da Aldeia e Iguaba Grande para o Rio Una, que deságua na Praia Rasa, em Búzios. O Governo do Estado, além de não resolver o problema de saneamento da Lagoa de Araruama, que recebe a maior parte do esgoto da Região dos Lagos e por isso vem morrendo ao longo dos anos, quer agora desviar para Búzios todo esse esgoto.
O projeto aprovado estranhamente às pressas, sem praticamente ouvir a população do Município, vai à sanção de Cabral que poderá dar o golpe fatal num dos locais mais bonitos e famosos do Estado. A única audiência pública realizada para discussão do projeto foi feita após sua aprovação. “É destruir três praias e recuperar meia. Esse projeto de lei vai realmente destruir parte de Búzios”, define a presidente da ONG Ativa Búzios, Monica Werkhauser. A moradora conta que a população está se mobilizando para sensibilizar os parlamentares a votarem contra o projeto. “Queremos evitar que Búzios vire o pinico da Região dos Lagos”, diz ela. Uma petição pública foi feita e um protesto está marcado na cidade para o próximo dia 5 – Dia Internacional do Meio Ambiente.
Os recursos para a obra serão administrados pela Prolagos - concessionária responsável pelo serviço de saneamento e abastecimento de água da Região dos Lagos – na execução da obra. A concessionária explica em seu site que quando chove muito e por um período prolongado, as comportas são abertas evitando inundações. O sistema de abertura das comportas é automatizado e abre quando a água represada atinge um nível pré-estabelecido. Quando isso acontece, o esgoto também vaza para o meio ambiente. A Prolagos afirma que quando isso ocorre, os detritos já estão suficientemente diluídos pela água da chuva, sem prejuízo para a natureza.
“Mais absurdo é dizer que este despejo não faria nenhum mal ao meio ambiente, pois já estaria diluído. Como se a água pudesse diluir microorganismos muito nocivos à saúde humana”, afirma o biólogo e morador de Búzios, Carlos Simas. Segundo ele, o modelo de tratamento utilizado pela Prolagos é totalmente ineficiente e será um verdadeiro desastre para o Município.
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Jornal do Brasil
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