Petróleo impulsiona Rio das Ostras

Funcionários de empresas instaladas em Macaé preferem a cidade, que também é escolhida por aposentados e explora o turismo.

Pontualmente às 6h30, como todos os dias, Radmak Moura sobe no seu jipe japonês. Da sua casa, no bairro de classe média alta de Marileia, até a BJ Services do Brasil, no Polo Offshore de Macaé, onde trabalha, são apenas 24 quilômetros. Normalmente, seriam 20 minutos pela BR-101. Não na hora do pico, quando se forma longa fila de carros com funcionários da Petrobrás e das empresas que lhe prestam serviços, que enfrentam uma hora de congestionamento de ida e outra de volta para morar em Rio das Ostras e trabalhar em Macaé.

"Escolhi Rio das Ostras em função das opções de entretenimento, da tranquilidade, da beleza", explica Moura, de 39 anos, que em 2008 veio de Aracaju com a mulher e duas filhas, transferido pela empresa para coordenar a manutenção. "Macaé é mais movimentada, tem mais praticidade, shoppings e lojas de departamento, mas aqui é melhor para a família." Eles vieram para ficar: compraram uma das muitas casas geminadas de Rio das Ostras, artifício para driblar a lei - que impede a construção em mais de 50% do terreno -, e atender a imensa demanda por moradia na cidade.
"Vale a pena pegar a estrada", diz Fábio Carvalho, de 38 anos, gerente de logística da Pride do Brasil. "Macaé é cara e não dá qualidade de vida. Não tem como comparar a beleza das duas cidades." Parte da orla de Rio das Ostras é delineada por um calçadão revestido de porcelanato, com academias de ginástica públicas em que se pode marcar horário com um instrutor da prefeitura, rua coberta de calçamento vermelho e restaurantes que concorrem no Festival de Frutos do Mar, todos os anos em novembro.
Pesquisa encomendada pela prefeitura há três anos mostrou que 95% dos moradores da cidade vieram de fora. Hugo Ronaldo Oliveira, de 26 anos, experimentava os equipamentos de ginástica na praia de Costa Azul, no meio da tarde, depois de sair do serviço. Ele veio há três anos de Porto Seguro (BA), onde foi contratado pela construtora baiana Odebrecht para trabalhar nas obras de pavimentação e drenagem que se alastram pela cidade, engolfada pela maré alta.
Trabalhou um ano e quatro meses nas obras e arranjou emprego na lavanderia de um hotel. "A cidade me conquistou", diz Oliveira, que trouxe os irmãos de 24 e de 15 anos, a mãe, que trabalha de cozinheira num restaurante, e o padrasto, que arranjou emprego de pedreiro. "É difícil encontrar pessoas paradas aqui."
O afluxo de gente a Rio das Ostras se reflete no mercado imobiliário. O secretário de Serviços Públicos e Obras, Nilton Teixeira, conta que comprou por R$ 3 mil o terreno de 360 m² onde construiu sua casa, em 1998. Hoje, o terreno valeria R$ 300 mil. Um Alphaville, condomínio de alto padrão, está sendo construído perto da divisa de Macaé e da Zona Especial de Negócios, um parque com 80 empresas dos mais diversos ramos.
Quando o prefeito Carlos Augusto Balthazar (PMDB) iniciou seu primeiro mandato, em 2005, 20% das ruas eram pavimentadas. Hoje, segundo a prefeitura, são 60%. Com a diferença de que a pavimentação tem sido feita depois da drenagem e da instalação de rede de água e de esgoto. Mesmo assim, 30% das residências não recebem água. Das outras 70%, a maioria não é abastecida todos os dias. A Companhia Estadual de Águas e Esgotos (Cedae) está investindo R$ 10 milhões para aumentar a vazão de 300 para 500 litros por segundo.
Com o solo encharcado pelas águas do mar, do rio que dá nome à cidade e do lençol freático, as fossas e sumidouros refluem, entupindo os sanitários. De 2005 para cá, a prefeitura investiu R$ 139 milhões em estação de tratamento de esgoto, rede coletora, 17 estações elevatórias e um emissário oceânico de 4 km.
Na Região dos Lagos, a 170 km do Rio, a cidade recebe 500 mil turistas por ano, atraídos não só por suas praias, mas pelos festivais de jazz e blues e de dança, encontro de motociclistas, turismo rural, torneios de surfe, bodyboarding e esportes náuticos.
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Fonte: Estadão

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