Homens “GPS e radioamador" ajudam nos trabalhos de resgate em Nova Friburgo

Voluntários auxiliam bombeiros a encontrar corpos e identificar áreas isoladas

O pedreiro Leandro Machado, de 41 anos, perdeu a mulher Michele, o filho Daniel, além de outros parentes após a tragédia no município de Nova Friburgo, na região serrana do Estado do Rio de Janeiro.

Ele conseguiu escapar, porque na hora do temporal, estava trabalhando. Sem casa e sem família, ele ajudava o Corpo de Bombeiros e voluntários de outras cidades a localizarem os lugares mais atingidos pela enchente. Por estar acostumado a andar a pé e por conhecer todos os bairros, ele recebeu o apelido de GPS (Global Positioning System). 


Machado ficou abrigado no quartel dos Bombeiros de Nova Friburgo. Ele disse que não poderia ficar de braços cruzados sabendo que outras pessoas também passam pelo mesmo sofrimento. 

- O que eu posso fazer agoa é ajudar. Tenho fé em Deus que algo bom virá para mim. Resolvi ajudar, porque sei que ainda há muita gente desaparecida e que não é todo mundo que conhece a cidade. 

No distrito de Campo do Coelho, os bombeiros contaram com a ajuda do radioamador do mecânico Luiz Augusto da Silveira, de 47 anos. No dia das fortes chuvas, não havia comunicação na região serrana. Os serviços de telefonia fixo e móvel e a internet pararam de funcionar. Graças ao aparelho VHF 2 metros (144-148 MHz), muitas pessoas foram salvas. 

- Quando fiquei sabendo que não havia comunicação nenhuma, lembrei que tinha um radioamador dentro do carro. Conseguimos localizar 20 pontos de interdição através do aparelho. Onde os bombeiros conseguiam chegar, dava para resgatar vítimas. 

Luiz Augusto instalou uma base de comunicação com a Defesa Civil e o Corpo de Bombeiros no Colégio Estadual Eduardo Breder, em Campo do Coelho. Ele ajuda a mapear os locais que ainda precisam de doações e resgates.

Tragédia das chuvas
O forte temporal que atingiu o Estado do Rio de Janeiro no dia 11 de janeiro deixou centenas de mortos e milhares de sobreviventes desabrigados e desalojados, principalmente na região serrana.
As cidades de Nova Friburgo, Teresópolis, Petrópolis, Sumidouro, São José do Vale do Rio Preto, Bom Jardim e Areal foram as mais afetadas e decretaram estado de calamidade pública.

Serviços como água, luz e telefone foram interrompidos, estradas foram interditadas, pontes caíram e bairros ficaram isolados. O número de mortos passa de 800 e também há mais de 500 desaparecidos. Quase 30 mil estão fora de suas casas.
No dia 14, a presidente Dilma Rousseff liberou R$ 100 milhões para ações de socorro e assistência às vítimas. Além disso, o governo federal anunciou a antecipação do Bolsa Família para os 20 mil inscritos no programa nas cidades de Nova Friburgo, Teresópolis e Petrópolis. Nesta quinta-feira (27) a presidente volta ao Estado para anunciar a entrega de 2.000 casas para desabrigados nas três cidades.
Na última segunda-feira (24), casas em áreas interditadas começaram a ser demolidas em Nova Friburgo. Além das casas que serão construídas pelo governo federal, 8.000 serão feitas pelo governo estadual.
O Estado espera recursos do Banco Mundial, de até R$ 850 milhões, para obras de contenção e compra de áreas para a construção de residências. A expectativa do governo fluminense é que ao menos R$ 350 milhões sejam liberados em abril.
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R7

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