O corregedor da Polícia Civil, Gilson Emiliano Soares, confirmou na manhã desta segunda-feira (14) que a devassa nos arquivos da Draco (Delegacia de Repressão e Combate ao Crime Organizado) foi decidida após denúncias feitas pelo chefe da instituição, Allan Turnowski.
As denúncias se referem a um suposto esquema de fraudes em licitações e de extorsão contra empresários dos municípios da região dos Lagos envolvendo agentes da unidade e vieram à tona 24 horas após o secretário de Segurança, José Mariano Beltrame, afirmar que Turnowski não estava garantido no cargo.
Começou na Draco a primeira parte da investigação que deu origem à operação Guilhotina, que prendeu ao menos 30 policiais civis e militares suspeitos de ligação com o tráfico, milícias e máfia dos caça-níqueis, incluindo o ex-braço-direito de Turnowski, o delegado Cláudio Oliveira.
Soares ressaltou que as denúncias feitas pelo chefe da Polícia Civil só poderão ser esclarecidas após a perícia, o que ainda deve levar 30 dias.
- O Allan fez denúncias de procedimentos ilícitos envolvendo prefeituras e empresários da região dos Lagos. Eles estariam sendo obrigados a fazer isso ou aquilo, mas só o resultado da perícia feita nos procedimentos suspensos é que vai indicar o que aconteceu.
O titular da Draco, Cláudio Ferraz, disse não ter ficado surpreso com a devassa na unidade, que foi lacrada na noite de domingo (13).
- Já esperava que essa operação fosse acontecer, mas fiquei surpreso pela forma como aconteceu. Fui informado da operação pela imprensa.
Polícia Federal apreende armas, munições, joias e dinheiro
A Polícia Federal apresentou no domingo (13) o material recolhido durante a operação Guilhotina que apura a participação de policiais militares e civis na venda de armas, apropriação indébita de bens apreendidos durante a ocupação no Complexo do Alemão, na zona norte do Rio de Janeiro, no vazamento de informações sobre operações policiais, além da ligação com milícias, casas de prostituição e bingos.
Segundo o delegado Allan Dias, foram recolhidas oito armas curtas (pistolas e revólveres) e quatro longas (carabinas e fuzis), cerca de 3.000 munições de diversos calibres para fuzil, pistola e revólver, relógios, joias, cerca de R$ 70 mil, 700 euros (cerca de R$ 1.500), radiotransmissores, além de computadores e DVDs que pertenceriam a milicianos.
Dias afirmou ao R7 que o material foi achado em poder de parte das 38 pessoas presas na ação. Ele disse que vai apurar se as armas, as joias e o dinheiro teriam sido desviados de traficantes e moradores do Alemão.
No domingo, mais um policial civil se entregou, subindo para 38 o número de presos. Desse total, 20 são PMs e dez são policiais civis. Sete pessoas permanecem foragidas.
A denúncia contra os acusados deverá ser anunciada em dez dias. Entre os crimes a que eles deverão responder estão o de formação de quadrilha e de tráfico de armas. Após a análise do material apreendido, outras pessoas também poderão ter a prisão preventiva decretada.
Entre os presos, está o delegado Carlos Antônio Oliveira, ex-subchefe da Polícia Civil. Ele é investigado por supostamente vender armas para traficantes, se apropriar de bens apreendidos durante operações policiais e por ligação com milicianos. Oliveira foi transferido para o presídio Bangu 8, no complexo penitenciário de Gericinó, na zona oeste do Rio de Janeiro, no final da noite de sexta-feira (11).
Outro preso foi o terceiro-sargento da Polícia Militar Carlos Eduardo Nepomuceno Santos, o Cadu, que é primo do traficante Márcio dos Santos Nepomuceno, o Marcinho VP, chefe da principal facção criminosa do Rio.
Operação Guilhotina começou na sexta-feira
A operação Guilhotina deflagrada pela Polícia Federal começou na manhã de sexta-feira (11) em parceria com a Secretaria de Segurança e o Ministério Público do Rio de Janeiro.
Ao todo, foram expedidos 45 mandados de prisão. Segundo o superintendente da PF no Rio, Angelo Gioia, nas ações do Complexo do Alemão, os policiais se apropriaram de dinheiro, armas e drogas apreendidas, em uma ação que o delegado chama de "espólio de guerra".
A operação começou a ser deflagrada a partir do vazamento, no ano passado, de uma ação policial para capturar em Macaé, no norte fluminense, o traficante Rogério Rios Mosqueira, o Roupinol, um dos líderes do tráfico na favela da Rocinha e no Complexo do São Carlos, na capital fluminense. Roupinol já está morto.
Na época, foi preso um informante de duas delegacias da Polícia Civil, entre elas a Dcod (Delegacia de Combate às Drogas), que forneceu dados sobre a ligação dos policiais com os traficantes.
Segundo Gioia, vários dos PMs envolvidos trabalhavam como "adidos" em delegacias da Polícia Civil. Os investigados também tinham ligações com a máfia dos caça-níqueis e casas de prostituição.
- É um crime contra o Estado, contra a sociedade. Os policiais tinham um pacto com traficantes. Ao invés de apreender armas e drogas, eles repassam isso a criminosos. Uma conduta extremamente grave.
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R7
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